|
Celia Neves
Biografia breve de uma vida dedicada à dança
Breve biografía de una vida dedicada a la danza
A brief biography of a life dedicated to dance
Celia Neves, personalidade artisticamente multifacetada - bailarina, coreógrafa, pedagoga da dança, desenhadora, figurinista, é em Portugal, durante cinco décadas, a «Alma da Dança Espanhola.»
Celia Neves, Gómez de nascimento, nasce a 23 de outubro de 1913 em Ubeda, Ciudad Real. É a filha mais nova de Ana María e Martín Gómez e, tal como seus irmãos Juan e Micaela, revela muito cedo sensibilidade artística. Aos sete anos, vivendo já em Madrid, é matriculada pelos pais no Real Conservatório de Madrid no curso de dança clássica. Simultaneamente estuda baile clássico espanhol com os grandes mestres da época, Cansino e Martínez, e baile flamenco com o professor Estampio. Aos doze anos, com seu irmão, Juan, forma «pareja», artisticamente denominada Hermanos Gómez. Percorrem em tournée toda a Espanha - ciudades y pueblos - exibindo-se em danças populares das várias regiões, captando nesses percursos a essência dos povos de Espanha na sua forma de se exprimirem em música e em bailado. O jornal de Ubeda de 1926 dá notícia da exibição e êxito destes jovens bailarinos na sua terra natal. A carreira artística de Celia desenvolve-se frequentado regularmente academias para o seu aperfeiçoamento artístico e a complementaridade da sua arte com outras danças de carácter. Intensifica então a aprendizagem do clássico espanhol, das danças populares estilizadas, do flamenco e da dança moderna com a modalidade de sapateado americano. Nos jornais da época constatámos o seu nome ligado a actuações com o seu irmão Juan - Hermanos Gómez - e também à sua irmã Micaela, com o nome de Hermanos Kelly. |
A carreira artística de Celia desenvolve-se frequentado regularmente academias para o seu aperfeiçoamento artístico e a complementaridade da sua arte com outras danças de carácter. Intensifica então a aprendizagem do clássico espanhol, das danças populares estilizadas, do flamenco e da dança moderna com a modalidade de sapateado americano. Nos jornais da época constatámos o seu nome ligado a actuações com o seu irmão Juan - Hermanos Gómez - e também à sua irmã Micaela, com o nome de Hermanos Kelly.
Inicia a sua carreira artística a solo com o nome de Celia Gómez, ingressando em companhias de bailado espanhol, entre as quais a de raquel Meller, com quem actua em França, Itália, Alemanha e Norte de Árica.
A guerra civil irrompe em Espanha e a sua prometedora e já brilhante carreira de bailarina sofre interrupções. Regressa aos palcos através do empresário Ricardo de Hermua, de Barcelona, com repertório diversificado e é acompanhada pela orquestra de Sevilha. Compilando várias críticas da época, nelas vemos sublinhado o classicismo, a técnica e a inspiração que imprime às suas interpretações. Críticos e admiradores atribuem-lhe o nome de «A Alma Que Baila». No início de 1940, sendo o suporte económico de seus pais e irmã, retidos em Barcelona, e ainda através do agente artístico e empresário Ricardo de Hermua, tem um contrato para Portugal. Actua nos casinos do Estoril, Figueira da Foz, Espinho... Mais tarde, também em Portugal, forma com Conchita Breton a «pareja Celi-Bret», com novas actuações naqueles casinos. Casa com o oficial aviador português José Neves e adquire a nacionalidade portuguesa. Seus pais e sua irmã Micaela são chamados para sua companhia e de seu marido, e dedicamente protegidos até à morte dos seus pais em 1945 e de sua irmã em 1964. Seu irmão Juan exilara-se no México e perdeu com ele o contacto durante anos. |
Em Portugal frequenta classes com Margarida de Abreu e inscreve-se em cursos de pintura e desenho na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Dança em Portugal pela última vez no Teatro Nacional de S. Carlos, na temporada de ópera 1947/48, em bailados das óperas Carmen e Traviata, cantadas então por grandes cantores internacionais como Gino Bechi e Ebbe Stignani.
No início da década de cinquenta abre no Centro Espanhol, em Lisboa, a sua Escola de Baile Clássico Espanhol, onde, para além do clássico, ensina o flamenco e as danças populares. Impôs-se desde então no meio cultural de Lisboa pela alta qualidade e honestidade pedagógica, técnica e artística do seu ensino. Celia Neves, pedagoga da dança, procura transmitir ás suas alunas e alunos os seus profundos conhecimentos da dança espanhola: o baile clássico espanhol, o flamenco e as danças populares na sua versão genuína e na sua versão erudita, isto é, estilizadas. Logo no início da sua carreira artístico-pedagógica, uma das suas alunas, Marita Hermínia Beltrão, atingiu tal nível artístico que, após curta audição com o consagrado bailarino Luisillo, foi de imediato por ele contratada como primeira bailarina e sua partenaire em alguns bailes, integrando a sua companhia em tournée internacional. Também anos mais tarde, Eduarda Leal, considerada por Celia Neves a sua aluna mais completa, realizaria tournée em Itália integrada numa companhia. Deixam ambas a carreira artística após casamento.
Na década de sessenta Celia Neves experimenta nova vertente didáctica, ensinado ballet espanhol a deficientes auditivos profundos, integrando-os nos seus espectáculos de fim de curso sem que o público se tivesse apercebido da deficiência auditiva dos jovens bailarinos. Estes espectáculos anuais tornaram-se então um acontecimento artístico na vida da capital sublinhado constantemente nos jornais, designadamente pelo crítico e especialista de dança Tomás Ribas. As salas do Condes, Trindade, Monumental, S. Luís, Tivoli, Vilaret, Maria Matos e D. Maria II esgotavam lotações e enchiam-se de aplausos, confirmando a solidez pedagógica, o bom gosto artístico e o talento coreográfico de Celia Neves.
No início da década de cinquenta abre no Centro Espanhol, em Lisboa, a sua Escola de Baile Clássico Espanhol, onde, para além do clássico, ensina o flamenco e as danças populares. Impôs-se desde então no meio cultural de Lisboa pela alta qualidade e honestidade pedagógica, técnica e artística do seu ensino. Celia Neves, pedagoga da dança, procura transmitir ás suas alunas e alunos os seus profundos conhecimentos da dança espanhola: o baile clássico espanhol, o flamenco e as danças populares na sua versão genuína e na sua versão erudita, isto é, estilizadas. Logo no início da sua carreira artístico-pedagógica, uma das suas alunas, Marita Hermínia Beltrão, atingiu tal nível artístico que, após curta audição com o consagrado bailarino Luisillo, foi de imediato por ele contratada como primeira bailarina e sua partenaire em alguns bailes, integrando a sua companhia em tournée internacional. Também anos mais tarde, Eduarda Leal, considerada por Celia Neves a sua aluna mais completa, realizaria tournée em Itália integrada numa companhia. Deixam ambas a carreira artística após casamento.
Na década de sessenta Celia Neves experimenta nova vertente didáctica, ensinado ballet espanhol a deficientes auditivos profundos, integrando-os nos seus espectáculos de fim de curso sem que o público se tivesse apercebido da deficiência auditiva dos jovens bailarinos. Estes espectáculos anuais tornaram-se então um acontecimento artístico na vida da capital sublinhado constantemente nos jornais, designadamente pelo crítico e especialista de dança Tomás Ribas. As salas do Condes, Trindade, Monumental, S. Luís, Tivoli, Vilaret, Maria Matos e D. Maria II esgotavam lotações e enchiam-se de aplausos, confirmando a solidez pedagógica, o bom gosto artístico e o talento coreográfico de Celia Neves.
A sua personalidade artisticamente multifacetada intensifica-se: bailarina, pedagoga da dança, coreógrafa, figurinista, confeccionando inclusive o guarda-roupa, evidencia sempre uma fina sensibilidade e inteligência na escolha do reportório. Este reportório, amplamente diversificado, revela a sua espantosa versatilidade coreográfica e o seu talento com composições baléticas dos clássicos - Albéniz, Falla, Soler, Turina... -, das autênticas danças da Andaluzia e de outras regiões, e da aplicação da dança moderna expressionista a poemas de García Lorca tornando, segundo um crítico de televisão, explosiva de força e dramatismo a mistura da poesia e da dança.
A televisão, atenta a estas manifestações artísticas, passa a convidar Celia Neves, com alguma regularidade para apresentações de dança espanhola, através de diversos directores de programas. Vários bailarinos profissionais espanhóis e sul-americanos, de passagem por Lisboa, bem como conhecidos bailarinos e actores portugueses, entre os quais Ana Máscolo, Magda Cardoso e Jorge Sousa Costa, tiveram com ela aulas de dança e dançaram coreografias suas. Por toda a sua obra no domínio do bailado, o governo de Espanha condecora Celia Neves em 1971 com a medalha de mérito artístico e anos mais tarde (1984) é agraciada pela Cruz Vermelha Portuguesa com a Cruz da Benemerência. O seu prestígio de mestra confirma-se com o merecido convite da Academia Internacional de Dança Costa do Sol para ali reger classes de dança espanhola a bailarinos profissionais durante o III Verão Internacional de Dança em 1973. |
Faz coreografias em diversas temporadas para o Teatro Nacional de S. Carlos e Teatro Trindade, designadamente para as óperas Carmen e Traviata (III acto), esta ópera coreografada pela última vez em 1979, tendo nela dançado a sua aluna Florbela Lança na interpretação de bailarina cigana. A convite de Ana Máscolo, coreografa a Dança Espanhola do Lago dos Cisnes de Tchaikowsky e a convite de Amélia Rey Colaço, participa nas comemorações do V centenário de Gil Vicente, coreografando alguns autos que a Companhia Nacional D. Maria II levou à cena no Teatro de S. Carlos. Continuando com referência às artes cénicas, colabora com a companhia Luzia Maria Martins, coreografando e preparando para a dança os actores nos espectáculos «A Cozinha» e «Bocage - Alma sem Mundo», neste último dançando também uma aluna sua. Mais tarde, para a companhia «A Barraca», coreografa e dirige no baile a actriz que actua em «Margarida do Monte».
Seu marido, major José Neves, companheiro dedicado de uma vida, admirador da sua arte e seu apoio organizacional-administrativo nos momentos intensos dos espectáculos, falece em Novembro de 1974 sem ter tido tempo de refazer o processo da sua carreira de oficial aviador, muito cedo colocado na reserva por incompatibilidade com o anterior regime em Portugal. Celia Neves fragiliza-se emocionalmente e sofre esta perda como uma segunda orfandade. Seu irmão Juan (após redescoberta mútua de residência), sua cunhada e sobrinhos trocam afectuosa correspondência e fotos e preparam a sua ida ao México.
Entre os vários sobrinhos mexicanos destacam-se Patrícia Gómez e Juan de Dios a integrar uma companhia de Danças de Folclore do México, confirmando os dotes baléticos na família Gómez. Com profunda mágoa de Celia Neves, não se concretiza o reencontro com seu irmão Juan e o conhecimento pessoal com seus sobrinhos mexicanos.
Mudara entretanto do Centro Espanhol para a Juventude da Galiza a Escola Celia Neves a partir de 1975. A sua actividade cultural e artística motiva a declaração de utilidade pública a esta instituição e expande-se para fora de Lisboa, apresentando espectáculos em Setúbal, Palmela, Azeitão, Almada, Moita, Grândola, Leiria, Odivelas, Sintra, Corunha...
Para Celia Neves, a Dança confunde-se com a própria Vida - é simultaneamente paixão terrena e uma religião, uma arte sacra. Em Portugal, transmite esta arte a várias gerações de bailarinos e desenvolve a sua admirável actividade artística, cultural e pedagógica sem qualquer subsídio oficial ou particular, que muito merecia.
O seu desaparecimento físico a 10 de Maio de 1993 emocionou seus amigos e admiradores de Portugal e de Espanha que partilharam a sua arte. O legado do seu espólio artístico e de memória, por seu manifesto desejo (testemunhado por amigos), é património da Escola de Baile Clássico Espanhol Celia Neves e deve, onde quer que esteja, ser entregue a esta escola para constituir-se como Centro Documental aberto à consulta de estudantes e professores interessados na arte musical e balética de Espanha.
Seu marido, major José Neves, companheiro dedicado de uma vida, admirador da sua arte e seu apoio organizacional-administrativo nos momentos intensos dos espectáculos, falece em Novembro de 1974 sem ter tido tempo de refazer o processo da sua carreira de oficial aviador, muito cedo colocado na reserva por incompatibilidade com o anterior regime em Portugal. Celia Neves fragiliza-se emocionalmente e sofre esta perda como uma segunda orfandade. Seu irmão Juan (após redescoberta mútua de residência), sua cunhada e sobrinhos trocam afectuosa correspondência e fotos e preparam a sua ida ao México.
Entre os vários sobrinhos mexicanos destacam-se Patrícia Gómez e Juan de Dios a integrar uma companhia de Danças de Folclore do México, confirmando os dotes baléticos na família Gómez. Com profunda mágoa de Celia Neves, não se concretiza o reencontro com seu irmão Juan e o conhecimento pessoal com seus sobrinhos mexicanos.
Mudara entretanto do Centro Espanhol para a Juventude da Galiza a Escola Celia Neves a partir de 1975. A sua actividade cultural e artística motiva a declaração de utilidade pública a esta instituição e expande-se para fora de Lisboa, apresentando espectáculos em Setúbal, Palmela, Azeitão, Almada, Moita, Grândola, Leiria, Odivelas, Sintra, Corunha...
Para Celia Neves, a Dança confunde-se com a própria Vida - é simultaneamente paixão terrena e uma religião, uma arte sacra. Em Portugal, transmite esta arte a várias gerações de bailarinos e desenvolve a sua admirável actividade artística, cultural e pedagógica sem qualquer subsídio oficial ou particular, que muito merecia.
O seu desaparecimento físico a 10 de Maio de 1993 emocionou seus amigos e admiradores de Portugal e de Espanha que partilharam a sua arte. O legado do seu espólio artístico e de memória, por seu manifesto desejo (testemunhado por amigos), é património da Escola de Baile Clássico Espanhol Celia Neves e deve, onde quer que esteja, ser entregue a esta escola para constituir-se como Centro Documental aberto à consulta de estudantes e professores interessados na arte musical e balética de Espanha.
Sua Escola e sua Arte permanecem.
Seu corpo já tinha tomado lugar no Espaço por instinto e arte, como Força Cósmica da Dança.
A Comissão de Alunos e Amigos
Agradecemos:
Embaixada de Espanha
Museu do Traje
(Transcrição do folheto de homenagem a Celia Neves após o seu malogrado falecimento)
.
Celia Neves, personalidad artística polifacética -bailarina, coreógrafa, pedagoga de danza, diseñadora, figurinista - fue el "Alma de la Danza Española" en Portugal durante cinco décadas.
Celia Neves, Gómez de nacimiento, nació el 23 de octubre de 1913 en Úbeda, Ciudad Real. Era la hija menor de Ana María y Martín Gómez y, al igual que sus hermanos Juan y Micaela, mostró muy pronto sensibilidad artística. A los siete años, viviendo en Madrid, sus padres la inscriben en el Real Conservatorio de Madrid para que estudie danza clásica. Al mismo tiempo, estudia danza clásica española con los grandes maestros de la época, Cansino y Martínez, y baile flamenco con el profesor Estampio. A los doce años, con su hermano Juan, formó una pareja, conocida artísticamente como Hermanos Gómez. Recorrieron toda España -ciudades y pueblos- interpretando bailes populares de las distintas regiones, captando la esencia de los pueblos de España en su forma de expresarse con la música y el baile. El periódico de Úbeda de 1926 informaba de la exhibición y éxito de estos jóvenes bailarines en su ciudad natal.
La carrera artística de Celia se desarrolló asistiendo regularmente a academias para perfeccionar su arte y complementarlo con otros bailes de carácter. Después intensificó su aprendizaje del clásico español, las danzas folclóricas estilizadas, el flamenco y la danza moderna con el claqué americano. En los periódicos de la época, vemos su nombre vinculado a actuaciones con su hermano Juan -Hermanos Gómez- y también con su hermana Micaela, bajo el nombre de Hermanos Kelly. Comenzó su carrera en solitario con el nombre de Celia Gómez, formando parte de compañías de ballet españolas, entre ellas la de Raquel Meller, con la que actuó en Francia, Italia, Alemania y el norte de África. Al estallar la guerra civil en España, su prometedora y ya brillante carrera como bailarina se vio interrumpida. Regresa a los escenarios de la mano de su representante, el barcelonés Ricardo de Hermua, con un repertorio variado y acompañada por la orquesta de Sevilla. Recopilando diversas críticas de la época, destacan el clasicismo, la técnica y la inspiración que aporta a sus actuaciones. Críticos y admiradores la apodan "El Alma Danzante". |
A principios de 1940, con el apoyo económico de sus padres y su hermana, que se encontraban varados en Barcelona, y también a través del agente artístico y empresario Ricardo de Hermua, consigue un contrato para Portugal. Actuó en los casinos de Estoril, Figueira da Foz, Espinho... Más tarde, también en Portugal, forma la "pareja Celi-Bret" con Conchita Breton, con más actuaciones en esos casinos. Se casa con el oficial de aviación portugués José Neves y adquiere la nacionalidad portuguesa. Sus padres y su hermana Micaela son llamados a reunirse con ella y su marido, y son protegidos devotamente hasta la muerte de sus padres en 1945 y de su hermana en 1964. Su hermano Juan se había exiliado en México y perdió el contacto con él durante años.
En Portugal asiste a clases con Margarida de Abreu y se inscribe en cursos de pintura y dibujo en la Sociedade Nacional de Bellas-Artes. Bailó en Portugal por última vez en el Teatro Nacional de S. Carlos, en la temporada de ópera de 1947/48, en ballets de las óperas Carmen y Traviata, cantados en aquella época por grandes cantantes internacionales como Gino Bechi y Ebbe Stignani.
A principios de los años 50, abre en el Centro Espanhol, en Lisboa, su Escuela de Baile Clásico Español, donde enseña flamenco y danzas populares, además de clásico. Desde entonces, se hizo un nombre en la escena cultural lisboeta por la gran calidad y honestidad de su enseñanza, tanto técnica como artística. Celia Neves, pedagoga de danza, intenta transmitir a sus alumnos su profundo conocimiento de la danza española: el baile clásico español, el flamenco y las danzas populares en su versión genuina y en su versión erudita y estilizada. En los inicios de su carrera artística y docente, una de sus alumnas, Marita Hermínia Beltrão, alcanzó tal nivel artístico que, tras una breve audición con el renombrado bailarín Luisillo, fue inmediatamente contratada por éste como primera bailarina y su pareja en algunos bailes, incorporándose a su compañía en una gira internacional. También años más tarde, Eduarda Leal, considerada por Celia Neves su alumna más completa, realizó una gira por Italia formando parte de una compañía. Ambas abandonaron sus carreras artísticas tras contraer matrimonio.
En Portugal asiste a clases con Margarida de Abreu y se inscribe en cursos de pintura y dibujo en la Sociedade Nacional de Bellas-Artes. Bailó en Portugal por última vez en el Teatro Nacional de S. Carlos, en la temporada de ópera de 1947/48, en ballets de las óperas Carmen y Traviata, cantados en aquella época por grandes cantantes internacionales como Gino Bechi y Ebbe Stignani.
A principios de los años 50, abre en el Centro Espanhol, en Lisboa, su Escuela de Baile Clásico Español, donde enseña flamenco y danzas populares, además de clásico. Desde entonces, se hizo un nombre en la escena cultural lisboeta por la gran calidad y honestidad de su enseñanza, tanto técnica como artística. Celia Neves, pedagoga de danza, intenta transmitir a sus alumnos su profundo conocimiento de la danza española: el baile clásico español, el flamenco y las danzas populares en su versión genuina y en su versión erudita y estilizada. En los inicios de su carrera artística y docente, una de sus alumnas, Marita Hermínia Beltrão, alcanzó tal nivel artístico que, tras una breve audición con el renombrado bailarín Luisillo, fue inmediatamente contratada por éste como primera bailarina y su pareja en algunos bailes, incorporándose a su compañía en una gira internacional. También años más tarde, Eduarda Leal, considerada por Celia Neves su alumna más completa, realizó una gira por Italia formando parte de una compañía. Ambas abandonaron sus carreras artísticas tras contraer matrimonio.
En los años 60, Celia Neves experimentó un nuevo enfoque didáctico, enseñando ballet español a personas con discapacidad auditiva profunda, incluyéndolas en sus espectáculos de fin de curso sin que el público se diera cuenta de que los jóvenes bailarines tenían discapacidad auditiva. Estos espectáculos anuales se convirtieron entonces en un acontecimiento artístico en la vida de la capital destacado constantemente en los periódicos, en particular por el crítico y especialista en danza Tomás Ribas. Las salas de los teatros Condes, Trindade, Monumental, S. Luís, Tivoli, Vilaret, Maria Matos y D. Maria II se llenaron de aplausos, confirmando la solidez pedagógica, el buen gusto artístico y el talento coreográfico de Celia Neves.
Su personalidad artísticamente polifacética se intensifica: bailarina, pedagoga de danza, coreógrafa, diseñadora de vestuario y a menudo confeccionándolo ella misma, muestra siempre una fina sensibilidad e inteligencia en la elección del repertorio. Este amplio repertorio revela su asombrosa versatilidad coreográfica y su talento con composiciones balletísticas de los clásicos -Albeniz, Falla, Soler, Turina... -, auténticas danzas andaluzas y de otras regiones, y la aplicación de la danza expresionista moderna a poemas de García Lorca, haciendo, según un crítico de televisión, que la mezcla de poesía y danza explosione de fuerza y dramatismo. La televisión, atenta a estas manifestaciones artísticas, comenzó a invitar regularmente a Celia Neves a interpretar danza española, a través de diversos directores de programas. Varios bailarines profesionales españoles y sudamericanos que pasaban por Lisboa, así como conocidos bailarines y actores portugueses, entre ellos Ana Máscolo, Magda Cardoso y Jorge Sousa Costa, tomaron clases de baile con ella y bailaron sus coreografías. |
Por toda su labor en el campo del ballet, el Gobierno español condecoró a Celia Neves en 1971 con la Medalla al Mérito Artístico y años más tarde (1984) recibió la Cruz de Benevolencia de la Cruz Roja Portuguesa. Su prestigio como docente se vio refrendado con la merecida invitación de la Academia Internacional de Danza Costa del Sol para impartir clases de danza española a bailarines profesionales durante el III Verano Internacional de la Danza en 1973.
Coreografió varias temporadas para el Teatro Nacional de S. Carlos y el Teatro Trindade, especialmente para las óperas Carmen y Traviata (Acto III), esta última por última vez en 1979, con su alumna Florbela Lança como bailarina gitana. Por invitación de Ana Máscolo, coreografió la Danza Española de El Lago de los Cisnes de Tchaikowsky y, por invitación de Amélia Rey Colaço, participó en las celebraciones del V Centenario de Gil Vicente, coreografiando algunas de las obras que la Companhia Nacional D. Maria II puso en escena en el Teatro de S. Carlos. Continuando con las artes escénicas, colaboró con la compañía Luzia Maria Martins, coreografiando y preparando a los actores para la danza en los espectáculos "A Cozinha" y "Bocage - Alma sin Mundo", y en este último también bailó una alumna suya. Más tarde, para la compañía "A Barraca", coreografía y dirige a la actriz que actúa en "Margarida do Monte".
Coreografió varias temporadas para el Teatro Nacional de S. Carlos y el Teatro Trindade, especialmente para las óperas Carmen y Traviata (Acto III), esta última por última vez en 1979, con su alumna Florbela Lança como bailarina gitana. Por invitación de Ana Máscolo, coreografió la Danza Española de El Lago de los Cisnes de Tchaikowsky y, por invitación de Amélia Rey Colaço, participó en las celebraciones del V Centenario de Gil Vicente, coreografiando algunas de las obras que la Companhia Nacional D. Maria II puso en escena en el Teatro de S. Carlos. Continuando con las artes escénicas, colaboró con la compañía Luzia Maria Martins, coreografiando y preparando a los actores para la danza en los espectáculos "A Cozinha" y "Bocage - Alma sin Mundo", y en este último también bailó una alumna suya. Más tarde, para la compañía "A Barraca", coreografía y dirige a la actriz que actúa en "Margarida do Monte".
Su marido, el comandante José Neves, su compañero de toda la vida, admirador de su arte y su apoyo organizativo y administrativo en los momentos intensos de los espectáculos, falleció en noviembre de 1974 sin haber tenido tiempo de desandar el proceso de su carrera como oficial de aviación, muy pronto pasado a la reserva por incompatibilidad con el régimen anterior en Portugal. Celia Neves se volvió emocionalmente frágil y sufrió esta pérdida como una segunda orfandad. Su hermano Juan (tras haber ambos descubierto dónde vivía cada uno), su cuñada y sus sobrinos intercambian afectuosa correspondencia y fotos, y preparan su viaje a México.
Entre los varios sobrinos mexicanos, Patrícia Gómez y Juan de Dios se incorporan a una compañía de danza folclórica mexicana, lo que confirma las dotes balletísticas de la familia Gómez. Para profundo pesar de Celia Neves, el reencuentro con su hermano Juan y el conocimiento personal de sus sobrinos mexicanos no se materializaron. |
Se traslada, entretanto, a partir de 1975 del Centro Español a la Xuventude de Galicia la Escuela Celia Neves. Su actividad cultural y artística hace que esta institución sea declarada de utilidad pública y se expande fuera de Lisboa, presentando espectáculos en Setúbal, Palmela, Azeitão, Almada, Moita, Grândola, Leiria, Odivelas, Sintra, A Coruña...
Para Celia Neves, la danza se confunde con la vida misma: es a la vez una pasión terrenal y una religión, un arte sagrado. En Portugal, transmitió este arte a varias generaciones de bailarines y desarrolló su admirable actividad artística, cultural y pedagógica sin ninguna subvención oficial o privada, que bien se merecía.
Su desaparición física, el 10 de mayo de 1993, conmovió a sus amigos y admiradores de Portugal y España, que compartieron su arte. Su patrimonio artístico y su memoria, por su voluntad manifiesta (atestiguada por amigos), es legado de la Escuela de Baile Clásico Español Celia Neves y debe, allí donde esté, ser entregado a esta escuela para convertirse en un Centro Documental abierto a la consulta de alumnos y profesores interesados en el arte musical y balletístico de España.
Para Celia Neves, la danza se confunde con la vida misma: es a la vez una pasión terrenal y una religión, un arte sagrado. En Portugal, transmitió este arte a varias generaciones de bailarines y desarrolló su admirable actividad artística, cultural y pedagógica sin ninguna subvención oficial o privada, que bien se merecía.
Su desaparición física, el 10 de mayo de 1993, conmovió a sus amigos y admiradores de Portugal y España, que compartieron su arte. Su patrimonio artístico y su memoria, por su voluntad manifiesta (atestiguada por amigos), es legado de la Escuela de Baile Clásico Español Celia Neves y debe, allí donde esté, ser entregado a esta escuela para convertirse en un Centro Documental abierto a la consulta de alumnos y profesores interesados en el arte musical y balletístico de España.
Su Escuela y su Arte permanecen.
Su cuerpo ya había ocupado su lugar en el Espacio por instinto y arte, como Fuerza Cósmica de la Danza.
El Comité de Alumnos y Amigos
Agradecemos a
Embajada de España
Museo del Traje
(Transcripción del folleto en honor de Celia Neves tras su fallecimiento)
.
Celia Neves, an artistically multifaceted personality - dancer, choreographer, dance pedagogue, designer and costume designer - was the "Soul of Spanish Dance" in Portugal for five decades.
Celia Neves, Gómez by birth, was born on 23 October 1913 in Ubeda, Ciudad Real. She was the youngest child of Ana María and Martín Gómez and, like her siblings Juan and Micaela, she showed an artistic sensibility very early on. At the age of seven, living in Madrid, her parents enrolled her at the Real Conservatorio de Madrid for a classical dance course. At the same time, she studied classical Spanish dance with the great masters of the time, Cansino and Martínez, and flamenco dance with Professor Estampio. At the age of twelve, with his brother Juan, she formed a "pareja", the artistically known Hermanos Gómez. They toured all over Spain - towns and villages - performing popular dances from the various regions, capturing the essence of the people of Spain in their way of expressing themselves in music and dance. The 1926 Ubeda newspaper reported on the exhibition and success of these young dancers in their hometown.
Celia's artistic career developed as she regularly attended academies to perfect her artistry and complement her art with other character dances. She then intensified her learning of classical Spanish dance, stylised folk dances, flamenco and modern dance, particulary American tap. In the newspapers of the time, we see her name linked to performances with his brother Juan - Hermanos Gómez - and also with her sister Micaela, under the name Hermanos Kelly.
She began her solo career under the name Celia Gómez, joining Spanish ballet companies, including that of Raquel Meller, with whom she performed in France, Italy, Germany and North Africa. Civil war broke out in Spain and her promising and already brilliant career as a dancer was interrupted. She returned to the stage through the Barcelona impresario Ricardo de Hermua, with a diverse repertoire and accompanied by the Seville orchestra. Compiling various reviews from the time, they emphasise the classicism, technique and inspiration she brings to her performances. Critics and admirers called her "The Dancing Soul". At the beginning of 1940, with the financial support of her parents and sister, who were stranded in Barcelona, and also through the artistic agent and businessman Ricardo de Hermua, she got a contract for Portugal. She performed in the casinos of Estoril, Figueira da Foz, Espinho... Later, also in Portugal, she forms the "pareja Celi-Bret" with Conchita Breton, with further performances in those casinos. She marries Portuguese aviation officer José Neves and acquires Portuguese nationality. Her parents and her sister Micaela are called to join her and her husband, and are devotedly protected until the death of her parents in 1945 and her sister in 1964. Her brother Juan went into exile in Mexico and she lost contact with him for years. |
In Portugal she attended classes with Margarida de Abreu and enrolled in painting and drawing courses at the Sociedade Nacional de Belas-Artes. She danced in Portugal for the last time at the Teatro Nacional de S. Carlos, in the 1947/48 opera season, in ballets from the operas Carmen and Traviata, sung at the time by great international singers such as Gino Bechi and Ebbe Stignani.
At the beginning of the 1950s, she opened her Spanish Classical Dance School at the Spanish Centre in Lisbon, where she taught flamenco and popular as well as classical dances. Since then, she made a name for herself in Lisbon's cultural scene for the high quality and honesty of her pedagogical, technical and artistic teaching. Celia Neves, a dance educator, tries to pass on her in-depth knowledge of Spanish dance to her students: the Spanish classical dance, flamenco and popular dances in their genuine version and in their erudite, stylised version. At the very beginning of her artistic and teaching career, one of her pupils, Marita Hermínia Beltrão, reached such an artistic level that, after a short audition with the renowned dancer Luisillo, she was immediately hired by him as a prima ballerina and her partner in some dances, joining his company on an international tour. Also years later, Eduarda Leal, considered by Celia Neves to be her most complete pupil, toured Italy as part of a company. They both left their artistic careers after getting married.
In the 1960s, Celia Neves experimented with a new didactic approach, teaching Spanish ballet to profoundly hearing-impaired people and including them in her end-of-course shows without the public realising that the young dancers were hearing-impaired. These annual shows then became an artistic event in the life of the capital, constantly emphasised in the newspapers, particularly by the critic and dance specialist Tomás Ribas. The halls of the Condes, Trindade, Monumental, S. Luís, Tivoli, Vilaret, Maria Matos and D. Maria II theatres were sold out and filled with applause, confirming Celia Neves' pedagogical solidity, good artistic taste and choreographic talent.
Her artistically multifaceted personality intensified: a dancer, dance educator, choreographer, costume designer and even making the wardrobe, she always showed a fine sensitivity and intelligence in her choice of repertoire. This wide-ranging repertoire revealed her astonishing choreographic versatility and her talent with balletic compositions from the classics - Albéniz, Falla, Soler, Turina... - and from the authentic dances from Andalusia and other regions, applying elements of modern expressionist dance to poems by García Lorca, and thus making, according to one television critic, the mixture of poetry and dance explosive with force and drama.
Television, attentive to these artistic manifestations, began to invite Celia Neves on a regular basis to perform Spanish dance, through various programme directors. Several professional Spanish and South American dancers who passed through Lisbon, as well as well-known Portuguese dancers and actors, including Ana Máscolo, Magda Cardoso and Jorge Sousa Costa, took dance classes with her and danced her choreographies.
For all her work in the field of ballet, the Spanish government honoured Celia Neves in 1971 with the Medal of Artistic Merit and years later (1984) she was awarded the Cross of Benevolence by the Portuguese Red Cross. Her prestige as a teacher was confirmed with a well-deserved invitation from the Costa do Sol International Dance Academy to conduct Spanish dance classes for professional dancers during the Third International Summer of Dance in 1973.
She choreographed several seasons for the Teatro Nacional de S. Carlos and Teatro Trindade, namely for the operas Carmen and Traviata (Act III), the latter of which she choreographed for the last time in 1979, with her student Florbela Lança performing as a gypsy dancer. At the invitation of Ana Máscolo, she choreographed the Spanish Dance from Tchaikowsky's Swan Lake and, at the invitation of Amélia Rey Colaço, she took part in the celebrations for the 5th centenary of Gil Vicente, choreographing some of the plays that the Companhia Nacional D. Maria II performed at the Teatro de S. Carlos. Continuing with the performing arts, she collaborated with the Luzia Maria Martins company, choreographing and preparing the actors for dance in the shows "A Cozinha" and "Bocage - Alma sem Mundo", where a student of hers also danced. Later on she choreographed and directed the actress who performed in "Margarida do Monte" for the company "A Barraca".
At the beginning of the 1950s, she opened her Spanish Classical Dance School at the Spanish Centre in Lisbon, where she taught flamenco and popular as well as classical dances. Since then, she made a name for herself in Lisbon's cultural scene for the high quality and honesty of her pedagogical, technical and artistic teaching. Celia Neves, a dance educator, tries to pass on her in-depth knowledge of Spanish dance to her students: the Spanish classical dance, flamenco and popular dances in their genuine version and in their erudite, stylised version. At the very beginning of her artistic and teaching career, one of her pupils, Marita Hermínia Beltrão, reached such an artistic level that, after a short audition with the renowned dancer Luisillo, she was immediately hired by him as a prima ballerina and her partner in some dances, joining his company on an international tour. Also years later, Eduarda Leal, considered by Celia Neves to be her most complete pupil, toured Italy as part of a company. They both left their artistic careers after getting married.
In the 1960s, Celia Neves experimented with a new didactic approach, teaching Spanish ballet to profoundly hearing-impaired people and including them in her end-of-course shows without the public realising that the young dancers were hearing-impaired. These annual shows then became an artistic event in the life of the capital, constantly emphasised in the newspapers, particularly by the critic and dance specialist Tomás Ribas. The halls of the Condes, Trindade, Monumental, S. Luís, Tivoli, Vilaret, Maria Matos and D. Maria II theatres were sold out and filled with applause, confirming Celia Neves' pedagogical solidity, good artistic taste and choreographic talent.
Her artistically multifaceted personality intensified: a dancer, dance educator, choreographer, costume designer and even making the wardrobe, she always showed a fine sensitivity and intelligence in her choice of repertoire. This wide-ranging repertoire revealed her astonishing choreographic versatility and her talent with balletic compositions from the classics - Albéniz, Falla, Soler, Turina... - and from the authentic dances from Andalusia and other regions, applying elements of modern expressionist dance to poems by García Lorca, and thus making, according to one television critic, the mixture of poetry and dance explosive with force and drama.
Television, attentive to these artistic manifestations, began to invite Celia Neves on a regular basis to perform Spanish dance, through various programme directors. Several professional Spanish and South American dancers who passed through Lisbon, as well as well-known Portuguese dancers and actors, including Ana Máscolo, Magda Cardoso and Jorge Sousa Costa, took dance classes with her and danced her choreographies.
For all her work in the field of ballet, the Spanish government honoured Celia Neves in 1971 with the Medal of Artistic Merit and years later (1984) she was awarded the Cross of Benevolence by the Portuguese Red Cross. Her prestige as a teacher was confirmed with a well-deserved invitation from the Costa do Sol International Dance Academy to conduct Spanish dance classes for professional dancers during the Third International Summer of Dance in 1973.
She choreographed several seasons for the Teatro Nacional de S. Carlos and Teatro Trindade, namely for the operas Carmen and Traviata (Act III), the latter of which she choreographed for the last time in 1979, with her student Florbela Lança performing as a gypsy dancer. At the invitation of Ana Máscolo, she choreographed the Spanish Dance from Tchaikowsky's Swan Lake and, at the invitation of Amélia Rey Colaço, she took part in the celebrations for the 5th centenary of Gil Vicente, choreographing some of the plays that the Companhia Nacional D. Maria II performed at the Teatro de S. Carlos. Continuing with the performing arts, she collaborated with the Luzia Maria Martins company, choreographing and preparing the actors for dance in the shows "A Cozinha" and "Bocage - Alma sem Mundo", where a student of hers also danced. Later on she choreographed and directed the actress who performed in "Margarida do Monte" for the company "A Barraca".
Her husband, Major José Neves, her devoted companion for life, an admirer of her art and her organisational and administrative support during the intense moments of the shows, died in November 1974 without having had time to retrace the process of his career as an aviation officer, very soon placed in the reserve due to incompatibility with the previous regime in Portugal. Celia Neves became emotionally fragile and suffered this loss like a second orphanhood. Her brother Juan (after rediscovering each other's homes), her sister-in-law and her nephews exchanged affectionate correspondence and photos and prepared for her trip to Mexico.
Among her various Mexican nephews, Patrícia Gómez and Juan de Dios joined a Mexican folk dance company, confirming the balletic skills of the Gómez family. To Celia Neves' deep regret, the reunion with her brother Juan and the personal acquaintance with her Mexican nephews did not materialise. In the meantime, the Celia Neves School had moved from the Spanish Centre to the Galician Youth Centre in 1975. Her cultural and artistic activity led to her school being declared of public utility and it expanded outside Lisbon, with the presentation of shows in Setúbal, Palmela, Azeitão, Almada, Moita, Grândola, Leiria, Odivelas, Sintra, Corunha... For Celia Neves, dance is life itself - it is both an earthly passion and a religion, a sacred art. In Portugal, she passed this art on to several generations of dancers and carried out her admirable artistic, cultural and educational activity without any official or private subsidy, which she very much deserved. |
Her physical disappearance on 10 May 1993 touched her friends and admirers in Portugal and Spain who shared her art. The legacy of her artistic estate and memory, by her manifest wish (witnessed by friends), is the patrimony of the Celia Neves School of Spanish Classical Dance and should, wherever it may be, be handed over to this school to become a Documentary Centre open for consultation by students and teachers interested in the musical and balletic art of Spain.
Her School and her Art remain.
Her body had already taken its place in Space by instinct and art, as a Cosmic Force of Dance.
The Committee of Students and Friends
We would like to thank
The Embassy of Spain
The Costume Museum (Museu do Traje)
(Transcript of the leaflet in honour of Celia Neves after her passing)